segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Sobre a dor e o sofrimento

É preciso compartilhar a tristeza desse fim de semana. Ontem gastei um tempo refletindo sobre o sofrimento humano e foi díficil pegar no sono lembrando de tantas pessoas que sofrem.

Uma amiga perdeu a filhinha tanto amada de uma maneira traumatizante...
Uma irmã tem 2 filhas, está grávida, prestes a dar a luz, o pai em um leito de morte e o esposo perdido nas ruas... Eu penso: que solidão!
Um conhecido que tinha tudo pra ser odiado recebe meu choro e compaixão por se ver enraivecido e amargurado tendo que enfrentar um câncer em estágio avançado... deve ser desesperador!
Na Austrália, longe daqui, pessoas morrem e famílias choram o fogo que consome.
E no Iraque, no Afeganistão...

... eu fico pensando nessa tal coisa do sofrimento, da dor.

Por vezes, parece-me infantil lamentar o passado e nele viver preso enquanto podemos viver o presente, sendo por ele gratos, e planejar o futuro, sabendo que ele está em nossas mãos e não somos apenas produto de uma sociedade que nos limita. Parece-me egoísta sofrer por dinheiro quando muitas outras coisas se tem e mesmo dinheiro não falta pra o essencial.

Por outro lado, o sofrimento e a dor, por serem tão pessoais e íntimos, parecem serem indignos de comparação e mensuração. Como posso dizer que fulana, que perdeu o esposo, sofre mais q beltrana, que não tem a roupa que quer? Não ter a roupa pode doer-lhe tanto, ou talvez mais, que a falta do esposo...

E sobre isso não tenho conclusão alguma. Nunca estudei os aspectos biológicos do sofrimento e nem mesmo questões inconscientes a ele relacionadas. Nunca sofri muito, ainda que tenha sofrido muito. Não conheço o futuro que pode chegar pondo à prova limites. Mas me envergonho de quem sou e de sofrer por minhas fúteis razões.

No entanto, o fim de semana triste me trouxe a conclusão da beleza do ser humano que se assemelha a Deus. A beleza de chorar junto com o outro e no próximo pensar, mais que em si mesmo. É doce ver sentimentos como compaixão e misericórdia fuírem lenta e naturalmente de corações distantes, frios e outrora amargurados.

E quanto a mim, muito pouco além disso me traz esperança e me aquece o coração. Só olhando pra dor humana e sentindo-se parte dela, não isolada como uma ilha, sou capaz de ver e viver Deus e experimentar um pouco do céu na Terra, enquanto espero o verdadeiro lugar de onde vim e para o qual fui feita.

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