quinta-feira, 26 de novembro de 2009

O Natal e as memórias com vida própria


Rubem Alves já disse que existem memórias que têm vida própria. Estas vêm quando elas querem, podem ficar guardadas na mente sem que a gente saiba delas e, de repente, elas aparecem.
Ontem à noite, uma dessas memórias se manifestou, pela primeira vez. Ficou guardada por exatamente 11 meses e ontem ela decidiu despertar e fazer um certo momento revivier.
Como todos sabemos, mais um ano termina e já falta apenas um mês para o Natal. E como vários também sabem, eu sou louco por Natal. Esse ano eu achei que tinha parado de gostar de árvores de Natal. Cheguei a acreditar nisso. Mas, de repente, eu percebi que continuo podendo ficar muito tempo parado, apenas olhando uma árvore de Natal. Bobeira minha.
Ontem à noite, numa conversa, falamos sobre os planos para as Festas e eu falei de como eu acho que o Natal tem que ser passado com pessoas que o comemoram de verdade, lembrando que ele significa algo real.
E foi nesse exato momento em que uma memória do Natal passado veio. Eu lembrei que na noite de Natal nós fizemos um pequeno jantar, minha mãe, meu pai e eu, e, depois que terminamos de comer, eu com meu pai sentamos na varanda, e ficamos batendo papo, sem falar muito coisa, não lembro dos assuntos. Estava quente, mas tinha um vento bom e a rua estava em silêncio, pois já era tarde, numa cidade do interior.
E, de repente, no meio da conversa, os sinos da Matriz começaram a tocar. A gente apenas disse: já é Natal!
E eu senti uma grande felicidade.
E ontem, ao lembrar disso, eu consegui escutar aqueles sinos, eu consegui sentir o vento, eu consegui lembrar do sorriso que eu sorri pela chegada do meu dia preferido do ano.
Esse ano, quando os sinos tocarem anunciando o nascimento do Rei, eu vou sentir muito a falta de de alguém naquela varanda, assim como eu vou sentir muita falta de alguém naquela mesa do jantar.
Mas assim como no primeiro Natal, haverá mais uma estrela no céu pra brilhar.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Espetáculo de hoje: a vida


16:41 de um dia normal.

Menos normal porque é feriado, mas completamente normal porque estou no trabalho.

E as horas passam, e se sucedem, e vão fechando seus ciclos eternos.

E eu vejos as horas passarem e me desespero. Elas são lentas, mas andam muito mais rápido que eu. Muito mais.

Não gosto de ver a vida passar, em suas frações de 60 minutos cada, e não conseguir acompanhá-la. Sinto que ela se vai sem que eu possa alcançá-la.

Vive um alguém qualquer enquanto o real eu espera o despertador tocar pra acordar. Mas o despertador não toca.

E cada minuto traz um algo novo.

Sabe quando você tem um pesadelo, sabe que está dormindo e não consegue acordar?

Sinto isso. Sinto que tento gritar e o grito não sai, e ninguém consegue ouvir.

Mas será que não vivem todos assim? Não sei. Penso que talvez sim, talvez não.

Acho que as pessoas fingem bem.

Viver é mesmo atuar num palco.

Mas eu queria apenas um palco de teatro mesmo.

Apenas.