quarta-feira, 30 de julho de 2008

"There's traffic in the sky"

Hoje parece que estou com tantas saudades
Eu não sei nem explicar, nem entender
Saudade das folhas amarelas caindo no outono norte-americano
Saudade dos sapatos
Saudade da Cultura
Saudade da lua crescente do Oriente-Médio
E das noites cheias de areia
Saudade do cheiro de tempero de Jerusalém
Saudade do City Posto às 2 da manhã
Saudade do grupo jovem da Tower Church
E do pé de pitanga da minha primeira casa
Saudade do Bilu, da minha vó, do meu vô
Já tentei colocar música pra tocar
Todos os tipos, todos os ritmos
Mas cada nota, como uma terapia, vai tocando uma parte de mim
E trazendo mais e mais coisas
“Hoje eu preciso tomar um café”
“It’s a little bit funny this feeling inside”
“Where did I go wrong?”
“Cuéntame como te ha ido, si has conocido la felicidad”
É...
“I’m afraid it’s been too long”.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

quarta-feira, 9 de julho de 2008

A alma silenciosa

O sono acaba. Os olhos abrem. E o dia amanhece. Na metrópole, muitos sons: conversas, risos, telefones, cãs, portas... Dentro, tudo é silêncio! E a alma, silenciosa, desperta e assim se mantém, acordada e silenciosa o dia todo, sem se deixar atingir por tantos barulhos, ruídos e sons. Há quem diga que o silêncio da alma é necessário, paz e confiança. E eu discordo: na confiança e na paz vivem-se sussurros nutritivos e palavras que aquecem. Você pode até pensar diferente, mas a minha alma é assim. Ela só silencia de desencanto.

terça-feira, 1 de julho de 2008

"Jovens tardes de domingo"

Viver antigamente era muito mais divertido.
Não que eu seja tão antigo assim, mas o meu antigamente já era tão mais legal que hoje. A gente não tinha telefone e receber uma carta - assim com escrever uma - era sempre uma alegria. A gente colocava foto dentro e escrevia atrás, contava aquelas novidades que depois de semanas o outro ficaria sabendo, e tudo era tão mais inédito que hoje. Muito mais inédito.
Pra telefonar a gente ia ao orelhão - que era bem amarelão -, mas antes comprava ficha pra usar. Elas iam caindo e a gente colocava mais se precisasse. Era uma atividade muito interessante colocar fichas e também sempre passar no orelhão pra ver se alguém tinha esquecido uma ficha por lá.
Não preciso nem falar sobre os telegramas! Quanta alegria ler um, com uma mensagem bem mini, pra não ficar caro, mas que era sempre algo importante, uma novidade, ou, infelizmente, uma notícia ruim de última hora.
Eu me lembro de escutar várias vezes de manhã um barulho de pocotó-pocotó e um grito de "olha o leeeeeite". Era o leiteiro passando a cavalo. A gente comprava leite de saquinho, mas mesmo assim era o máximo ver o leiteiro passar. Surpresa foi um dia beber um leite integral da Parmalat que - pasmem - vinha numa caixinha!! Delicioso. Mas depois dele a vida se rendeu a muitas e tristes caixinhas.
Conversando com uma amiga, ela me lembrou de uma coisa incrível: a gente usava enceradeira em casa! Que tarefa boa quando a mãe mandava a gente passar enceradeira e a gente saia quase que pilotando um carro pela casa. E depois da brincadeira ficava tudo brilhando, mesmo aquele taco (ainda se tinha taco no chão!) mais antigo.
Começar um ano letivo era sempre uma surpresa. Lembro de uma vez em que decidi comprar um caderno com papel reciclável. As coisas recicláveis um dia já foram uma novidade. As folhas eram amareladas, péssimas pra escrever. Mas eu acho que, interiormente, eu já sentia que o mundo mudaria - e eu precisava começar a usar materiais que salvariam minha vida no futuro. Tantas coisas aconteciam dentro de um ano letivo. Parecia quase uma década letiva!
Naquele tempo havia um espaço enorme entre Janeiro e Dezembro, tantas enceradas, jogos de vídeo-game, guerras de mamona, estouros de traque e bombinha, visitas à casa da vó de Perdões, tantas cartas, revelações de fotos que demoravam dias, brigas com o irmão...
A vida demorava a passar e era tão bom e tão feliz. Tão bom que eu nem sabia que era.
Hoje as mulheres são todas independentes e modernas, os bancos realizam depósitos em instantes, eu escrevo esse texto num blog e você quase não tem paciência para terminar de lê-lo.
Os dias já não são mais os mesmos. Acho que estou com saudades de mim.