quarta-feira, 25 de março de 2009

Enough is enough

Eu só voltei a São Paulo para estudar música. Só para isso. Foi uma decisão pontual e precisa, além de necessária. Porém a vida não respeita a gente, e fez a minha realidade ficar praticamente sem som. Eu ganhei um quase silêncio.
Eu vejo o som em tudo, mas o meu corpo acorda e dorme mudo.

domingo, 22 de março de 2009

E o resto?

É muito difícil sentar-se de frente a uma tela e teclas que fazem tac-tac-tac quando, na verdade, o corpo todo queria estar de frente a 88 teclas, brancas e pretas, que fazem sons que podem mudar a sua vida.
O corpo, de desespero pela crise de abstinência, às vezes bate o pé ritmado, até que um colega pede pra parar. Às vezes assobia um fraseado, até que alguém olha como que já é o suficiente.
O sono talvez esteja sendo o período mais real da minha vida.
O resto tem sido resto.

Eu não aguento mais um dia viver sem tocar e cantar,
Mas a vida insiste em não me deixar viver.

Air

Se eu quisesse me descrever hoje
Eu apenas diria:
Ouça Arioso do Bach.

terça-feira, 17 de março de 2009

É cada uma...

Tenho compreendido que conviver com as pessoas é uma tarefa complicada demais. Já que esse universo é tão grande, poderia haver um planeta pra cada um, né?! Ok, ok, talvez uns 10 ou 15 por planeta, 2 ou 3 em cada continente, coisa básica.
Conversar, embora pareça algo natural, pode ser uma das atividades mais desgastantes e mesmo exóticas do mundo. Falar é normal, mas conversar, embora comum, de normal não tem quase nada.
Gosto (ironicamente, óbvio) de ver como as pessoas desprezam as respostas que você dá pra o que elas mesmas perguntam.
Hoje ouvi um "é preciso enfrentar a vida". Acho que essa frase só veio pros meus ouvidos porque não havia um sorriso no meu rosto por motivos pessoais e sérios. O que será que é enfrentar a vida na opinião das pessoas, ou nas opiniões das pessoas? Será dizer: olha aqui vida, eu tô te enfrentando, tá?! Ou será que é se conformar e fingir que se está enfrentando (quando na verdade você éstá sendo é um palhaço e nada mais)?! Ou será que é ainda viver revoltado deixando claro que você está sendo duro no confronto?! Eu não sei, afinal não sou quem diz que é necessário enfrentar a vida.
E o melhor foi a grande comparação que fizeram: "tocar piano é como andar de bicicleta, você nunca esquece. É só começar e tudo volta." Ah, claro! E masclar chiclete é que nem assobiar, né?!!!
É cada uma...

domingo, 15 de março de 2009

Som

Decididamente não há nada mais bonito do que a música.
Você já nasce com música, com batidas repetidas do coração, e é quando a música para que se morre.
Não há vida sem som, não há nada sem som,
A não ser o silêncio
Que de tão inesperado e desconcertante
Consegue desconcentrar tudo que faz parte de nós
O que pode ser algo bom ou ruim
Tanto faz.

Novo momento do Blog!

Aviso que a partir de hoje esse blog passa a ser um blog escrito por apenas uma pessoa: eu.
Por motivos pessoais das duas outras integrantes, decidiram seguir seus caminhos, legítimos ou não, em outros endereços. Mesmo com seus nomes ainda figurando nessas páginas, as postagens futuras agora serão apenas minhas.
Tentarei, como tento, escrever aquilo que penso e sinto, ouço e vejo, tanto sendo legítimo ou ilegítimo, mostrando os lados irregulares dessa figura que eu sou.
Fique a vontade para ler se for do seu interesse, e para comentar, se achar que é do meu interesse ler.
Novamente, bem-vindo!

domingo, 8 de março de 2009

Clair de Lune

Eu queria um Clarão de Lua
Com seu silêncio claro e desconcertante
Pra despertar os sons mais escuros de mim
Pra fazê-los sair todos por aí pela noite
E me deixarem dormir tranquilo
Ao Clarão da Lua
Eu queria uma vida clara
Com mais estrelas e menos sombras
Com mais sons dissonantes
E menos repetições de barulhos apenas
Eu queria uma vida mais feliz.

Bem, isso é o que eu ouço quando escuto 'Clair de Lune' do Debussy.

terça-feira, 3 de março de 2009

Sangue venoso

23:04 já no meu relógio
Necessidade de dormir para madrugar amanhã
E nada de sono nas veias
Nada
Por que é que há tanta coisa impregnada nesse sangue que corre em cada um de nós?
Tanho sonho, tanta raiva, tanto amor, tanta saudade
Tanta vontade de quebrar os dentes de tanta gente que nem merece existir
ou que não merece correr nesse sangue já venoso

Que vontade de sair correndo
ouvindo um som de guitarra tocando no fundo, que nem em novela
E daí sentir uma chuva caindo
Coisa cinematográfica
Coisa ridícula pra tentar disfarçar o coração

Por que é tão difícil fazer entender o que eu tenho pra falar?
Por que eu não posso falar?
Talvez porque falar não vale nem o esforço de mexer as cordas vocais
Entra por um ouvido e sai por outro ouvido do mundo
Às vezes é melhor ficar quieto
Ouvir Fix You do Coldplay e ter vontade de chorar

Será que uma tranfusão de sangue resolve tudo?
Não
Pois essa vida acho que se impregna é nas veias.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Paz

Paz é igualdade.
É quando aquilo que se sente equivale àquilo que se é.

domingo, 1 de março de 2009

Pais e filhos

Um monte de criança agitada, numa igreja, num culto à noite.
Uma professora tentando fazê-los calar e prestar atenção no que tem a dizer.
Diz que a notícia é boa, mas não resolve. Faz umas perguntas sobre a história, eles respondem, mas logo distraem e voltam a conversar.
Uma das perguntas: O que haverá no céu?
Um diz: ruas de ouro. O outro grita: mansões. Um terceiro interrompe e fala: anjos. E os outros conversando, brigando com o colega do lado, lendo sei lá o quê.
A professora fala, pros poucos que prestam atenção: sim, mas sabe o que mais? No céu não vai ter pai e mãe brigando, pais separando, choro, criança com pensamento ruim.
Aí todos calam a boca e olham pra professora. Quando ela pergunta de novo o que haveria no céu, advinha o que respondem? "Não vai ter pai e mãe brigando, tia. Nem separando"

Eu acho que os pais de hoje deveriam ser menos egoístas antes de terem filhos. Têm filhos pra se mostrar, pra se realizar, pra exibí-los como um troféu. Quase ninguém tem filho pra amar, filho pra fazer diferença no mundo. E filho pra ter família então...
Deveriam pensar um pouco nos filhos que teem, que não pediram pra existir e que são os que mais sofrem com separações e brigas. Deveriam acabar com suas vidas, sem destruir as das pobres crianças.

Bem, pelo menos é isso que eu acho.
Eu tô levando tanto tiro no peito
Que meu coração já está perdendo o ritmo.

Manacá

Belo dia em que eu te encontrei
Sem quase nem perceber ao passar
Debaixo de um pé de manacá
Um cheiro de coisa de longe
Umas cores primárias aqui e ali
E você lá
Não houve sorriso
Nem fala, nem verso
Não houve nada que normalmente não há
Nem coisa estranha, nem chuva, nem brisa
A não ser o manacá
Parado, inerte e neutro
Só refletindo o que se encontra
Nesse peito que eu carrego cá
Com silêncios, pausas e batidas repetidas
Havia sombra
Dos galhos do manacá
Belo dia em que te encontrei
Sem saber de todas as incertas coisas
Que não houve, mas existe e haverá
Sem saber das dúvidas
Das horas, das noites
Dos cafés, dos livros e de tudo que chegará
Sem contar com os sustos
As tristes e alegres memórias
Sem pensar nos minutos daquilo que me acontecerá
Belo dia em que eu te encontrei
Mesmo não vendo a mim mesmo
Eu estremeci ao meu sussurro
Que ouvi no vento que bate nas folhas
Desse pé
De pé
De manacá
Difícil algo mais belo que o silêncio do vento nas folhas das árvores.