quarta-feira, 29 de abril de 2009

Feriado: Buenos Aires, claro!

Mais um feriado tornando um fim de semana prolongado e eu com meus planos de ir pra Buenos Aires. Afinal, é só ter uma sexta-feira ou segunda-feira acoplada ao fim de semana e eu já faço meus planos de ir pra lá.
Clima bom, cidade bonita, cafés ótimos, night clubs animados, praças legais, tango, Puerto Madero no por-do-sol, Jardim Japonês... Enfim, Buenos Aires.
Também é bom pra rever um conhecido que tenho por lá, embora sem muita amizade, mas pra por o papo em dia, praticar espanhol, sempre bom, né. E sem falar que deve ter sobrado alguma Columba Pascal da Havanna, agora em preço promocional, em alguma loja deles.
E como são bons os preparativos da viagem. Os dias anteriores, pensando em como vai estar o tempo, vendo na internet o que não se pode deixar de visitar, planejando quais os melhores restaurantes pra ir, e quais os novos, e quais os velhos.
Mas só pra variar, em mais um fim de semana com planos de Buenos Aires eu não vou pra Buenos Aires. Vou pro interior de Minas.
Você não acha muito mais divertido? Eu não.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

De novo, o som


Em português o verbo tocar foi muito bem escolhido. Muito melhor que a tradução dele para várias outras línguas.
Você pensa que toca a música, mas é ela que toca você. E de uma forma tão impressionante que você não pode se controlar. Ela te domina e te faz sorrir, rir, chorar, parar, pensar, se acalmar, na hora em que ela quer.
Ela toca aquilo que você nem pensava conseguir alcançar.
Você toca um som agudo e ela, de brincadeira, toco o seu ponto mais grave.
Você toca um acorde maior, e ela, de pirraça toca o que você tem de menor.
Você toca um acorde com muitas notas e ela, sorrateiramente, toca aquilo que ninguém mais nota.
E você pensava que tocava a música?
Não, ela te toca.
Toca quando quer, como quer, e se quiser.
O melhor mesmo, já que não há escolha, é se entregar a ela
E só pedir, se possível, que te faça ver a vida
Um pouco menos dissonante.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Passatempo

O mês voou
Isso é uma loucura
Daqui a pouco ele já se terá somado novamente a outros
E terão se tornado anos
E eu já serei, de novo, outra pessoa
Abril já está no final.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Mundo gris

Hoje eu queria escrever
Falar sobre um milhão de coisas que estão dentro de mim
Mas, definitivamente, não consigo
Não posso
Só vou dizer
Que o dia foi bom
Mas o céu está nublado.

domingo, 19 de abril de 2009

Desgraçado

Hoje, ao sair da igreja, eu fui andando pela rua indo pro ponto de ônibus, com o celular na mão, quando um adolescente com cara de trombadinha veio em minha direção, naquela rua escura e um tanto vazia. Eu, como usual, não senti muito medo, mas apenas pensei que ele poderia roubar o meu telefone. Ele realmente queria falar alguma coisa [ou talvez roubar-me mesmo], e se aproximou já dizendo algo do tipo "calma, que eu não sou malandro não", frase para a qual eu respondi "tudo bem, então", e atravessei a rua. Ele, na hora, só disse: "desgraçado", e continuamos cada um para o seu lado.
Eu, naquele momento, fiquei pensando no quão desgraçada foi mesmo aquela minha atitude.
Eu havia acabado de sair de um local onde se fala de graça e manifestei exatamente o contrário para a primeira pessoa que fez contato comigo depois dali.
Mas eu, realmente, não consegui pensar em qual outra atitude eu poderia ter. Ficar e falar com ele, mesmo sabendo que provavelmente eu seria roubado? Eu só pensei que se realmente ele não era um trombadinha, ele conseguiu então me descrever perfeitamente naquele momento com o adjetivo que me deu. Afinal, eu não ofereci graça alguma naquela hora, e me mostrei completamente sem ela.
Um pouco mais a frente, depois de descer do ônibus, ainda na mesma avenida, vi uma adolescente que teve que insistir com um grupo de adolescentes para que algum deles lhe desse o resto de uma casquinha de sorvete. Saiu xingando, com um cone com ainda algum resto de sorvete na mão, que um deles lhe deu. Alguém com pouca graça para oferecer, e num sorvete que já estava com ódio demais pra que ela pudesse sentir prazer, eu penso.
E então, por alguns minutos, eu fiquei pensando no que é que a gente pode fazer de verdade para ajudar a vida de alguém. E como fazê-lo. Todos nós precisamos tanto de alguém que entenda o que a gente sente, e a gente nunca encontra isso, e nem oferece isso pros outros, seja pros próximos ou para os da rua, e mesmo para os que moram na rua. Novamente, e como fazê-lo?
Eu fui indo pra casa, passei no supermercado de luxo do bairro, comprei um pão australiano, e vim viver a minha vida fingida de burguês, com as minhas bolachas de gotas de chocolate que chegaram de Israel.
E, como sempre, quem dorme na rua continua na rua, quem não tem sorvete continua sem sorvete, e eu continuo sendo o mesmo hipócrita que sempre fui.
Desgraçado.