domingo, 25 de março de 2012

Réquiem caipira a um 26 de março



Eu tenho uma enorme saudade
Daquela idade
Futura idade
Que nunca se completou

Porque agora você mora no vento
E na ausência de tempo
Tempo
Que me prende onde eu estou

Onde eu estou?

Houve pouco de comum entre a gente
E mesmo assim eu me pego
Pensando
No que a gente realizou
E no que não realizou

O pântano
A savana
E o rio
Grande
Rio Grande
Que a gente não visitou

Ou visitou?

Ficou na lembrança o sul de Minas
O cheiro de café
E de jabuticaba
E aquela curva na Zona da Mata
Que ainda me mata
Pois dela talvez eu sou

E eu insisto em repetir
Pra mim mesmo
Que houve muito entre a gente
No pouco que houve
Porque isso nunca se dissipou

E pra onde eu vou?

Eu fico me perguntando
Se saudade é algo que pra sempre fica
E torcendo pra que seja
E que pra esteja
No peito
Cada momento que a vida criou
E o tempo recriou

E mesmo que não houve muito entre a gente
Além do nosso extremo
De ser tão sertão
Eu agora fico comigo
Sorrindo
E chorando
E pensando
Comigo
No quanto foi forte o sentido
Que você em mim deixou

Porque quando eu escuto a viola
Fazendo barulho de vento
O meu peito se enche
De mim
E de você
E de tudo que jamais se acabou

Ainda bem que existimos
Os dois
Na viola