segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

A Deus, meu desconhecido


Mais uma vez, antes de continuar, olho para Você! Olho, na maioria das vezes, com olhos desconfiados e com palavras eloquentes, mas por vezes vazias de significado.

E agora, com o resto de sinceridade que há, converso com você, que desconheço, mas que sou levada a servir e a querer conhecer.

Sirvo imperfeitamente e por vezes, desonestamente. E sigo querendo conhecer.

Você me diz que ama, mas eu não acredito. Eu posso até falar disso, mas não encontro liberdade em Seu amor. Dou lugar a meus medos e não acredito que Você é bom.

Eu olho pra Você e sou vista. Vejo minhas tentativas de escambos diários. E, como se assim pudesse, tento manipulá-Lo, convencê-Lo de minhas razões fúteis e de minhas desculpas descabidas, esquivando-me de minhas responsabilidades.

Por Você e pra Seu prazer, eu queria esquecer-me e ver as pessoas e por elas viver. E por isso também queria querer o queVocê quer e me despir do falso controle que tenho sobre minha vida, me rendendo. Mas faço isso por mim e não por Você, pra que Sua voz possa me chamar.

E de Você, que sei nunca posso esconder, fujo, por não me preocupar com Seu coração. Minha reputação ameaçada recebe minhas lágrimas, mas Seu coração ferido, não.

E com tamanha facilidade esqueço-me que se Você quisesse, Deus, você pensaria em Si mesmo, como eu tanto faço, e deixaria a humanidade esvair-se.

Mas esqueço também que Você não é da mesma natureza que eu. Não é vazio e mau e não procura punir os que não te satisfazem, como eu. Eu esqueço que você é nobre, não pensa só em Si, não escamba e não manipula.

Olho pras pessoas ao redor e vejo flashes de seu Ser.Olho pra mim e Te vejo gritando gritos sufocados em meu interior pra que eu possa Te ouvir. Olho pra água, pro vento, pras flores e pros animais e, algumas vezes, eles refletem sua beleza. E esses flashes, e gritos sufocados, e reflexos esporádicos me transmitem um quê de esperança e de paz. Eles fazem-me crer que posso conhecê-Lo e sentir na alma ecoar Seu amor, banindo o medo. Eles me lembram que você É e que isso é o que verdadeiramente me basta.

Por isso, Deus, mesmo temendo-O, não desisto de torná-Lo meu conhecido.
E Porque Você É, e porque é Verbo e tem em Si todos os verbos que preciso, não desiste de ser por mim conhecido.

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