sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Feliz Dezembro!

Quando eu era criança, eu achava que o Natal era o mês todo de dezembro. E talvez tenha sido nessa época que eu comecei a gostar muito de Natal.
Não sei se eram os enfeites, a ideia dos presentes, os ensaios pras peças de teatro pra comemorar a época, os amigo-ocultos... ou se era tudo isso junto!
Só sei que eu me preparava, ensaiava as músicas que ia cantar no coralzinho da igreja, ficava vibrante esperando o dia da peça chegar, comprava canetas bic pra dar pra família (era a única coisa que meu dinheiro permitia comprar sem pedir muita ajuda alheia - mas eu comprava de cores diferentes pra cada membro da família: meu pai ganhava preta, minha mãe vermelha, meu irmão azul ou verde). Me lembrei agora do ano em que eu fiz um cofrinho num pote de margarina e pedi umas moedas pros meus pais, sem dizer pra que era. Claro, era surpresa. Adivinha o que fiz com o dinheiro arrecadado? Comprei umas canetas pra eles. E nesse ano a minha mãe ganhou uma caneta especial, com um ursinho na tampa! Show!
Eram os melhores Natais do mundo! Pois eram de verdade.
Claro que teve um ano em que eu fiz birra porque não ganhei o presente que queria. E era um truque. O presente estava comprado, mas fingiram a princípio que não. (Talvez nesse momento eu já tenha mostrado a pessoa ruim que eu era e sou. Mas ok, passou desapercebido como birra de criança).
Em algum certo momento eu descobri que o Natal era um dia só. (Momento de silêncio). Foi uma grande decepção. Muitas coisas precisaram se reconfigurar na minha cabeça. Mas ok, eu superei.
Continuei gostando demais do Natal!
Talvez pelas luzes, as novidades gastronômicas, o kitsch... ou talvez tudo isso junto!
Gosto de ir à igreja na noite de Natal. Pensar no momento que ele representa, na realidade do fato e nas metáforas possíveis. Nesse dia eu gosto de dizer obrigado.
Porém de um tempo pra cá, as coisas mudaram um pouco. Sinto um pouco de tristeza nessa época por pensar nos que estão longe e nos que estão bem mais longe. Mas, por outro lado, lembro dos momentos de Natal passados juntos. E nos sinos que tocaram no Natal de 2008 num dos momentos natalinos mais simples, sinceros e belos da minha vida, quando eu e meu pai estávamos sentados na varanda à meia-noite, em silêncio, os sinos da matriz tocaram e ele apenas disse: É Natal. E eu fiquei feliz. Muito feliz.
Mas o que mais me pesa ultimamente nessa época que ainda adoro é pensar como as igrejas a estão desprezando. Parece que não têm mais o que comemorar. Sinto como se declarassem falência.
Este ano fiquei sabendo que minha igreja não terá um culto de Natal. No ano passado já não houve no dia 24, apenas no 25. Esse ano será no dia 26, pra já aproveitar o dia, domingo, quando todos vão à igreja, talvez.
Acho que pensam que estar em casa comendo peru de Natal pode ser mais importante. Talvez possa. Mas eu ainda não acho. Me vieram com a justificativa de que dia 24 é o dia de estar com a família. Concordo. E também é o dia, pra mim, de dedicar um tempo para lembrar de um amor que eu jamais serei capaz de copiar.
Se eu posso lembrar disso em casa? Claro. Na rua também. No carro, no parque, na loja... Em qualquer lugar. Mas não entendo porque a igreja não quer mais lembrar e dedicar tempo pra um momento tão especial na sua crença. E na sua base.
Não entendo.
Falência? Penso que talvez. E isso me deixa preocupado.
Ainda bem que o amor é algo que mora no coração de cada um e não em um prédio ou em uma instituição. E ainda bem que a igreja somos nós e não um prédio, uma instituição, uma liderança terrena ou uma opinião de alguns ou de vários.
Ainda bem.
Pois eu sei que com culto ou com as portas fechadas da igreja, sabendo que o primeiro Natal não necessariamente aconteceu num dia 25 de dezembro, entendendo que essa comercialização dos fatos está desconfigurando o mundo... Ainda assim eu sei que uma estrela apareceu no céu sobre uma pequena cidade há mais de 2000 anos pra mostrar que a salvação chegou. E está entre nós!
Feliz Dezembro!