Belo dia em que eu te encontrei
Sem quase nem perceber ao passar
Debaixo de um pé de manacá
Um cheiro de coisa de longe
Umas cores primárias aqui e ali
E você lá
Não houve sorriso
Nem fala, nem verso
Não houve nada que normalmente não há
Nem coisa estranha, nem chuva, nem brisa
A não ser o manacá
Parado, inerte e neutro
Só refletindo o que se encontra
Nesse peito que eu carrego cá
Com silêncios, pausas e batidas repetidas
Havia sombra
Dos galhos do manacá
Belo dia em que te encontrei
Sem saber de todas as incertas coisas
Que não houve, mas existe e haverá
Sem saber das dúvidas
Das horas, das noites
Dos cafés, dos livros e de tudo que chegará
Sem contar com os sustos
As tristes e alegres memórias
Sem pensar nos minutos daquilo que me acontecerá
Belo dia em que eu te encontrei
Mesmo não vendo a mim mesmo
Eu estremeci ao meu sussurro
Que ouvi no vento que bate nas folhas
Desse pé
De pé
De manacá
Difícil algo mais belo que o silêncio do vento nas folhas das árvores.
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