domingo, 1 de março de 2009

Manacá

Belo dia em que eu te encontrei
Sem quase nem perceber ao passar
Debaixo de um pé de manacá
Um cheiro de coisa de longe
Umas cores primárias aqui e ali
E você lá
Não houve sorriso
Nem fala, nem verso
Não houve nada que normalmente não há
Nem coisa estranha, nem chuva, nem brisa
A não ser o manacá
Parado, inerte e neutro
Só refletindo o que se encontra
Nesse peito que eu carrego cá
Com silêncios, pausas e batidas repetidas
Havia sombra
Dos galhos do manacá
Belo dia em que te encontrei
Sem saber de todas as incertas coisas
Que não houve, mas existe e haverá
Sem saber das dúvidas
Das horas, das noites
Dos cafés, dos livros e de tudo que chegará
Sem contar com os sustos
As tristes e alegres memórias
Sem pensar nos minutos daquilo que me acontecerá
Belo dia em que eu te encontrei
Mesmo não vendo a mim mesmo
Eu estremeci ao meu sussurro
Que ouvi no vento que bate nas folhas
Desse pé
De pé
De manacá
Difícil algo mais belo que o silêncio do vento nas folhas das árvores.

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