segunda-feira, 25 de maio de 2009

As primeiras horas do dia

Perto das 5 da tarde é sempre a mesma correria. Terminar os e-mails pra mandar, as tabelas do Excel, as listas de ciblage, os últimos telefonemas; milhares de minutos pra caber em poucos minutos.
E logo mais tarde, ao fechar as janelas começa a grande correria, a grande travessia.
Eu ando rápido pelos jardins, espero um ônibus que às vezes demora, às vezes não. E se ele demora eu bato o pé, cruzo o braço, descruzo o braço, bato o pé de novo, ando de um lado pro outro. E ele chega, enfim. Depois de um trajeto nada augusto eu desço como um louco pra pegar o metrô. Atravesso aquela multidão de outros, atravesso a rua. Milhares de pensamentos me atravessam. Às vezes nenhum. E, muitas vezes pela primeira vez no dia, eu vejo o azul do céu. Entre prédios, mas ele continua azul. Insiste em ser azul.
E na correria do céu pra ficar negro, eu desço desesperado pelas escadas do metrô. Filas nas catracas, espera, mais espera, primeiro metrô, não entro, segundo metrô, entro. Às vezes cheio, às vezes não. A cabeça sempre cheia. Sempre não, quase sempre.
As estações parecem demorar mais pra chegar nesse horário, mas chegam.
Na minha estação eu desço, correndo mais que minhas próprias pernas. Quase tropeço nos meus próprios passos. Subo escadas, mais escadas, túnel, mais escada e enfim uma luz.
No último raio de luz do sol que às vezes ainda há eu olho para o obelisco do parque, tiro a fantasia e sei que tenho algumas horas restantes pra tentar viver.
E nessa loucura entre jardins e paraíso eu vivo. Ou sobrevivo.
Ou vivo.

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