segunda-feira, 10 de agosto de 2009

"Nosso céu tem mais estrelas"

Dia dos pais
Ontem foi meu primeiro dia dos pais sem pai. Experiência estranha. Embora ele esteja presente em tanta coisa pra qual eu olho, não foi mais possível desejar a ninguém felicidades nesse dia. E nem mais será. Estranho. A morte muda até o calendário.
Só acho que eu não precisava ter me atrevido a ver parte do Programa do Didi. Bem nesse dia o Pe. Fábio de Melo decidiu cantar "Pai", de outro Fábio (o Junior). E nada mais emotivo nessas situações do que um cantor brega cantar algo tocante, não é mesmo?!

Ilusão
A nossa mente é algo inexplicável pra mim. Só ela pra criar realidades em cima de coisas não existentes, de verdade. E entre essas coisas não existentes incluo o tempo e a vida. São apenas ilusões. Ilusões tornadas reais pelo esforço maldoso da nossa mente cruel.
E ultimamente tenho pensado, embora não refletido muito, sobre a realidade - ou não - da morte.
Digamos que eu estivesse num país de difícil comunicação, longe de casa, e não soubesse da morte do meu pai. Digamos que se passassem uns dois anos antes que eu voltasse a ter contato com a minha família e soubesse do acontecido. Na minha mente, ele estaria vivo. E mesmo depois de saber do fato após uns dois anos, esse tempo em que ele esteve vivo na minha mente continuaria tendo sido um tempo de vida pra ele - segundo a minha mente. E qual realidade seria real? Pra ele, a morte teria chegado no momento em que saiu do corpo. Pra mim, a morte dele teria chegado dois anos depois. O que é mais verdadeiro?
Tudo é mesmo como correr atrás do vento. É ilusão, é vão. Ou não.

"And in time we will all be stars"
Hoje à noite fui levar o cachorro pra passear, como tenho feito. Ele com as pernas (patas) já fracas pela idade. Eu com as pernas fracas por outros motivos.
Fui andando com o cachorro e, de repente, me deparei com o céu. Fiquei ali, parado, olhando pra cima. Deu vontade de ficar assim pra sempre. Só olhando, olhando, imaginando, ou não pensando nada. Só vendo as estrelas. E então vi uma estrela em específico. Mais brilhante que as outras. E de forma estranha imaginei ele olhando pra mim daquela estrela. Que ele não está lá eu sei. Mas foi tão estranho. Me deu um pouco de vontade de chorar, mas, principalmente, me deu vontade de sorrir. Vontade que me fez sorrir. Sorrir com vontade de chorar. E eu fui andando, e aquela estrela me seguindo. Eu não estava mais olhando pra ela, mas sentia ela olhando pra mim.
E pensei que ele poderia estar lá, num planeta só dele. Talvez um planeta tão pequeno quando o do Pequeno Princípe. Talvez um planeta grande. E talvez nos tornemos realmente eternamente responsáveis por aquilo que cativamos.
"Tu seras pour moi unique au monde."
E parafraseado alguém, eu fiquei debaixo de uma laranjeira, sonhando com as estrelas.

Um comentário:

Lívia disse...

Desde pequena escuto as pessoas dizendo que nossos queridos quando morrem ficam olhando para gente. Torcendo por nós, assoprando em nossos ouvidos. Verdade ou ilusão, o fato é que vira e mexe eu penso nisso. Penso que minha avó Nelita, que faleceu qdo eu tinha um aninho, lá de cima, fica olhando para mim e me dando pistas. Talvez, a estrela brilhante que você viu fosse mesmo seu papy!