quinta-feira, 27 de agosto de 2009

(A)normal

"Eu hoje tive um pesadelo e levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo e procurei no escuro
Alguém com seu carinho e lembrei de um tempo
Porque o passado me traz uma lembrança
Do tempo que eu era criança
E o medo era motivo de choro
Desculpa pra um abraço ou um consolo
Hoje eu acordei com medo mas não chorei
Nem reclamei abrigo
Do escuro eu via um infinito sem presente
Passado ou futuro
Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim, que não tem fim
De repente a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
(...)
Que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio mas também bonito
Porque é iluminado
Pela beleza do que aconteceu
Há minutos atrás."

Amanhã será um mês sem você. E logo um ano, cinco anos, uma década, e várias décadas.
A gente se prende a momentos marcados no tempo que, por algum motivo, significam algo. Uma contagem estranha de tempo, que faz alguns dias serem mais fáceis ou mais difíceis. Ou apenas normais.
Tempo é algo que você não vive mais. Já se libertou dessa prisão, que não é perpétua para ninguém.
Será estranho, daqui há várias anos, quando eu ainda for relativamente jovem, dizer: "Ele já se foi há 30 anos". Para quem escuta isso sempre soa como algo que já virou normal. Mas tenho receio de que o sentimento será sempre o mesmo de agora, que faz um mês.
30 anos serão apenas uma sucessão de meses. Meses de uma vida que continua, cheia de coisa pra acontecer.
Mas uma vida diferente. Uma vida readaptada. Uma vida com curativo, vida que vai ser cicatrizada.
E não é assim com todo mundo?
Estranho como algo tão normal pode ser tão anormal.

Um comentário:

Mari Eller disse...

o que dizer? uma das melhores reflexoes sobre o tempo e a ausência que já li.